Cooperativas Escolares ressurgem no sul do Brasil
No dia 29/06/2012, durante o RuralShow, evento realizado em Nova Petrópolis/RS,
com foco na agricultura familiar e no cooperativismo, um grupo de 12 cooperativas escolares criou uma
Federação de Cooperativas Escolares, com
objetivo de unir forças e traçar estratégias para as entidades já
existentes.
Na região da serra gaúcha, a 1ª cooperativa
escolar foi fundada em Nova Petrópolis/RS, Capital Nacional do
Cooperativismo, no ano de 2010 (Cooebompa), seguida por cooperativas escolares nos municípios
de Linha Nova e São José do Hortêncio. Neste ano de 2012, através do incentivo
da Casa Cooperativa de Nova Petrópolis, várias outras
cooperativas juntaram-se ao grupo inicial, contando atualmente com cerca de 700
alunos associados a elas.
Para o Presidente da Casa Cooperativa de Nova
Petrópolis, Márcio Port, “além de despertar o interesse dos jovens para o
cooperativismo, estamos também estimulando o surgimento de novas lideranças.
Independentemente de estes jovens continuarem no cooperativismo após saírem da
escola, teremos em nossas comunidades cidadãos mais conscientes e com espírito
de trabalho comunitário/associativo.”
O QUE É UMA
COOPERATIVA ESCOLAR?
Outra característica é o desenvolvimento de projetos e
oficinas como: artesanatos, merenda escolar, teatro, paródias,
corais, reciclagem de papel e produção de mudas de flores, árvores, sabonetes e
cartões comemorativos. Para ter-se uma ideia mais clara sobre as cooperativas
escolares, destaca-se o aprendizado que os
estudantes adquirem ao construírem as atas das reuniões e assembleias, o
manuseio do livro caixa, ao conduzirem reuniões, ao preparem suas pautas e
outras demandas. Esses eventos são muito importantes, pois
promovem os jovens ao exercício da cidadania responsável, conscientes dos seus
direitos e deveres. Segundo Freinet, “a atividade é o que orienta a prática
escolar e o objetivo final da educação é formar cidadãos para o trabalho livre e
criativo, capaz de dominar e transformar o meio e emancipar quem o exerce”.
Todo esse trabalho pedagógico é desenvolvido com
a participação de um professor orientador (ou tutor) que se responsabiliza pela
escola em apoiar a construção cotidiana da cooperativa escolar. Uma das tarefas
desse professor é criar uma atmosfera laboriosa na comunidade escolar, de modo a
estimular as crianças e jovens, dela participantes, a fazer prática cooperativa
através das atividades inerentes à gestão, educação, produção, cultura, oficinas
e lazer. Outra função primordial do orientador é colaborar ao máximo para o
desenvolvimento da liderança, autonomia, ética e responsabilidade dos
estudantes.
Outro ponto de destaque é o
protagonismo de crianças e adolescentes, únicos
sócios das cooperativas escolares. Esses são os responsáveis
pela administração e condução dos projetos, embora seja necessário um professor
para auxiliá-los.
Conforme já dito, as Cooperativas Escolares
constituem um projeto educativo e está amparado pela lei Nº 8.069, DE 13 DE
JULHO DE 1990 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e da lei nº
5764/71.
Segundo o ECA deve ser assegurado aos
jovens:
- garantia de acesso e frequência obrigatória ao ensino regular;
- atividade compatível com o desenvolvimento do adolescente;
- horário especial para o exercício das atividades.
Portanto, dentro da realidade das cooperativas
escolares brasileiras, as determinações acima e as mencionadas na lei 5764/71
são fundamentais e obrigatórias. Todo o trabalho e tempo dedicado ao projeto
devem englobar atividades que promovam a liberdade, a cooperação, o saber e o
fazer. É imperativo praticá-los como modo de vida no exercício da liderança, da
solidariedade, da simplicidade, da sinceridade e, quando necessário, em mudanças
de atitudes.
As cooperativas
escolares constituem um laboratório de aprendizagem do
cooperativismo. E, para dar conta dessa proposta, a
Casa Cooperativa de Nova Petrópolis, a
Escola Bom Pastor e
Ocergs/Sescoop apoiam e promovem cursos de formação
cooperativa para estudantes e professores.
Atualmente é ofertado um Curso
de formação básica em Cooperativismo para todas as pessoas e escolas
interessadas. O referido curso está estruturado em 40 horas de duração e conta
com facilitadores muito bem preparados; muitos desses profissionais possuem uma
vasta formação no cooperativismo e outros agregam, além do conhecimento
cooperativista, a experiência na condução de nossas cooperativas.
No curso de Cooperativismo Escolar, os alunos
estudam o conceito de cooperação, o contexto histórico do cooperativismo, a
história dos pioneiros de Rochdale, do Cooperativismo no Brasil, das capitais do
cooperativismo do Brasil e da Argentina; das diferenças entre cooperativas,
sindicados e associação; dos ramos e dos princípios do cooperativismo; da
classificação das cooperativas, da lei nº 5764/71, da importância do estatuto
social, dos direitos e deveres dos associados, da organização do sistema
cooperativista, da organização do quadro social, das reuniões, atas, assembléias
e conselhos das cooperativas.
Enfim, no contexto atual das
dificuldades de geração de empregos correspondentes à expansão da oferta de
trabalho, o Cooperativismo vem conquistando espaços cada vez maiores nos
diferentes ramos da atividade produtiva e de prestação de serviços. As
organizações cooperativas contribuem efetivamente para aumentar oportunidades de
trabalho e renda e, ao mesmo tempo, desenvolvem ações empreendedoras e a
consciência das pessoas sobre a necessidade do apoio mútuo e solidariedade
humana.
As Cooperativas Escolares, laboratórios de
aprendizagens do cooperativismo, constituem esse mecanismo de educação e
promoção do diálogo cujos valores da cooperação balizam o saber e o fazer
pedagógico inerente às praticas promovidas nos espaços dessas cooperativas.
Por
Everaldo Marini – Mestre em Educação. Especialista em Supervisão
Educacional e História do Brasil. Filósofo. Membro do Conselho Municipal de
Cultura de Nova Petrópolis e Coordenador do Curso de Cooperativismo Escolar pela
Casa Cooperativa de Nova Petrópolis e Escola Técnica Bom Pastor.
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