Cooperativismo: contextualização histórica
O termo cooperativismo vem da palavra
cooperar, que significa unir e coordenar os meios e os esforços de cada
indivíduo para realização de atividade comum, visando alcançar um resultado
procurado por todos.
Estudos comprovam que
havia cooperação entre os homens desde os primórdios, estando sempre associada
às lutas pela sobrevivência, às crises econômicas, políticas e sociais, bem
como às mudanças.
Os povos antigos
praticavam a cooperação na sua luta pela sobrevivência. A caça e a pesca em
comum, a construção de habitações e a defesa da comunidade eram realizadas em
conjunto pelos membros dos grupos. Além dessas atividades, nas sociedades mais
primitivas a cooperação aparecia nas manifestações religiosas, componentes da
vida social, mantendo-se pelo costume ou pela autoridade dos chefes
tradicionais. Em qualquer caso a cooperação exprime a solidariedade instintiva
do grupo. Em todos os povos encontramos vestígios e instituições baseadas na
cooperação sem prévias formulações jurídicas ou normatizações escritas.
Constituem mudanças espontâneas, benefício comum, trabalho em grupo,
solidariedade e ajuda-mútua.
No Brasil, nossos povos
indígenas, através da realização de atividades econômicas e sociais em comum,
deram origem à prática do mutirão, atividade comum em nosso país. Os nossos
índios adotam um sistema tribal de ajuda mútua desde o plantio da terra, a
colheita, o armazenamento, a caça, a moradia ou a educação de suas crianças.
Essas formas de cooperação foram evoluindo ao longo do tempo, chegando ao que
hoje denominamos cooperativismo moderno.
O cooperativismo
moderno inspirou-se na cooperação econômica - movimento que influenciou a
organização social de trabalhadores e se fortaleceu no século XVI, com P.C.
Plockboy, que idealizava a "cooperação integral" por classes de
trabalhadores; e com Jonhn Bellers, que procurava organizar "Colônias
Cooperativas", para produzir e comercializar seus produtos, eliminando o
lucro dos intermediários, e nas idéias dos chamados precursores do
cooperativismo, com destaque para Robert Owen, industrial americano que
implantou em suas fábricas mudanças como redução da jornada de trabalho,
criação de creches, etc. Feliz com esses resultados, Owen começou a defender a
criação de uma sociedade comunista com o fim da propriedade privada.
O cooperativismo gera
uma relação, que a maioria preconiza, como sendo entre a cooperativa e o
cooperado e vice-versa. Analisando mais friamente, não existe cooperativa e sim
a união de cooperados, logo a relação é sempre entre os cooperados. Eu sou
cooperado dos demais cooperados.
Em função desta
distorção de interpretação societária, a relação entre os cooperados sofre do
mesmo mal. Não há uma consciência generalizada que somos necessários uns aos
outros e que só existe cooperativa se houver a cooperação entre os sócios.
Fazer os cooperados
praticarem a cooperação é um desafio que deve ser alcançado, sob pena de termos
sociedades cooperativas aleijadas do seu objetivo precípuo.
Quando um novo cooperado se associa à cooperativa, no mais
das vezes, sempre vem acompanhado da fatídica pergunta: “O que eu vou ganhar
com isso?”.
Com o desenrolar das explicações, tentando mostrar que
estará prestes a entrar numa sociedade e não somente assinando um contrato
clientelista. Ademais essa relação deverá ser sob as bases constituídas pelos
princípios cooperativistas. Uma sociedade, realmente social, com princípios
sociais, mas que ainda precisa ter cooperados conscientes e praticantes desta
doutrina.
Tamanha distorção, só leva a dificultar enormemente a gestão
da cooperativa. Será que, se houver gestores mal intencionados, essa distorção
passará a ser sua aliada com base na alienação? Como superar tudo isso?
Várias são as perguntas, mas para resolver os problemas,
precisamos em primeiro lugar, obter conhecimento para identificá-los e
construir alternativas e soluções. A educação sempre é a saída e no
cooperativismo não é diferente.
O Estado de Pernambuco carecia a muito, de um curso de formação
de gestores cooperativistas para o processo de formação de uma massa pensante e
capaz de mudar para melhor o cooperativismo pernambucano. A capacitação por si
só não provocará nenhuma mudança positiva, contudo formará um arcabouço de
conhecimento que possibilitará tal mudança.
Sempre tive essa dimensão e a disciplina de gestão
estratégica fortaleceu-a ainda mais. Como podemos mudar algo, se fazemos o
mesmo que antes? Pergunta de resposta óbvia, mas de execução ainda difícil. O
primeiro passo foi dado, agora depende de nós para gerar frutos cooperativos
capazes de melhorar a verdadeira relação cooperativista entre os
sócios-cooperados.
O segredo do sucesso é simples: o primeiro é saber o que
fazer, o segundo é escolher o caminho e o terceiro e arregaçar as mangas e mãos
a obra. O conhecimento nos faz enxergar melhor o primeiro e nos auxilia na
melhor escolha do segundo, contudo o terceiro só depende da vontade de cada um.
Por FREDERICO
FERRAZ VIEIRA DE FRANÇA
MBA em Gestão de Cooperativas UNICAP
Federalcred - Nordeste