domingo, 22 de outubro de 2017

Cooperativismo

Sonhos e realidade: relação viabilizada pelo cooperativismo de crédito

Atividade que, mundialmente, envolve mais de 231 milhões de pessoas reunidas em cerca de 68.882 cooperativas, o cooperativismo de crédito celebra, em 19 de outubro, o seu dia mundial. “Os sonhos prosperam aqui” é o tema central da comemoração e tem relação direta com o objetivo do cooperativismo financeiro, que é operar como catalisador para tornar reais diferentes profissões, escolhas pessoais e trajetórias de carreira.

No Brasil, aproximadamente de 9 milhões de pessoas já conhecem as vantagens de fazerem parte do Sistema Nacional de Crédito Cooperativo (SNCC), composto por mais de 1 mil cooperativas.  O Panorama do Sistema Nacional de Crédito Cooperativo, divulgado pelo Banco Central, aponta o crescimento da participação das cooperativas de crédito em todos os principais indicadores do Sistema Financeiro Nacional (SFN), atingindo seu melhor resultado histórico. O documento do Banco Central aponta, por exemplo, que o percentual de participação das cooperativas de crédito aumentou em relação ao SFN: em ativos totais, os R$ 154,1 bilhões corresponderam a 1,87% do SFN, os R$ 83,6 bilhões da carteira de crédito equivalem a 2,41% e nos depósitos o percentual é de 4,26% com R$ 90,9 bilhões.

“A data marca uma longa caminhada do cooperativismo de crédito, movimento que tem prosperado sem grandes rupturas no Brasil e sobressai, inclusive, por não conflitar com outros ramos, ao contrário, é complementar e convergente, pois “capta e investe e consegue intercooperar com todos”, frisa Manfred Manfred Alfonso Dasenbrock, diretor da Confederação Interestadual das Cooperativas Ligadas ao Sicredi e membro efetivo da Fundação e do Conselho Mundial de Cooperativas de Crédito (WOCCU, sigla em inglês), instituição responsável pela criação do Dia Internacional das Cooperativas de Crédito, comemorado anualmente desde 1948, sempre na terceira quinta-feira de outubro com a finalidade de relembrar o empenho dos pioneiros na construção dos princípios e valores cooperativistas e, ao mesmo tempo, celebrar o sucesso e o desenvolvimento do setor.
Celebrar a data faz refletir sobre o desafio e a responsabilidade de progredir e levar progresso ao associado”, comenta Dasenbrock, lembrando que “como somos sociedades de pessoas, nossa responsabilidade é maior porque não só ofertamos soluções financeiras, mas somos um agente da comunidade, proporcionando o desenvolvimento e a prosperidade das pessoas”.
Para Henrique Castilhano Vilares, presidente do Sistema Sicoob, a importância da data está diretamente vinculada à inclusão financeira que proporciona, inclusive no Brasil. “Acreditamos que o crescimento desse novo agente no cenário financeiro do Brasil contribui bastante com esse movimento que, aos poucos, começa a ganhar relevância: o direito à cidadania financeira.  As instituições financeiras têm um compromisso primordial com seus cooperados, por isso estão protagonizando um círculo virtuoso no País, com práticas mais transparentes e mais competitivas nos relacionamentos bancários. Nosso papel é fazer com que cada vez mais brasileiros conheçam em detalhes o cooperativismo financeiro”, reforça.
“A celebração é mais uma oportunidade de fomentarmos o cooperativismo de crédito, disseminarmos a instituição financeira cooperativa e compartilharmos experiências com mais de 231 milhões de pessoas que fazem parte mundialmente deste sistema”, afirma Fernando Fagundes, CEO da UNICRED do Brasil, citando que, apesar dos números expressivos, “ainda há muito espaço para crescermos. As cooperativas de crédito são uma alternativa real ao sistema financeiro nacional, cujos bancos apresentam forte concentração e operam com elevadas margens. O tema deste ano reflete exatamente um dos objetivos das cooperativas de crédito: realizar sonhos. É muito gratificante saber que o nosso segmento contribui para tornar realidade o sonho pessoal ou profissional de muitos dos nossos associados. Está no nosso DNA ajudar e valorizar o propósito de cada um que faz parte da nossa cooperativa”, finaliza o CEO da Unicred.
De acordo com o presidente do Sistema Ocemg, Ronaldo Scucato, os preceitos sólidos e éticos das cooperativas de crédito permitem que o sistema cresça à margem do cenário econômico. “Uma das principais vantagens do cooperativismo de crédito é a sua capilaridade, já que as cooperativas de crédito, muitas vezes, são as únicas instituições financeiras presentes em determinadas localidades”, afirma, destacando que naquele Estado, das 768 cooperativas associadas à organização, 190 são do ramo crédito, contabilizando mais de 1,1 milhão de associados e gerando cerca de 9,3 mil empregos.

Perspectivas animadoras

Dasenbrock, ao falar sobre o futuro, reporta-se ao potencial mercadológico e, para isso, faz uso da taxa de penetração do segmento, calculada dividindo o número total de membros de cooperativas de crédito pela população em idade economicamente ativa: na Irlanda, é de 74,47% na Irlanda; nos Estados Unidos, 52,61%; no Canadá, 46,71%; na Austrália, 19,65% na Austrália; enquanto que no Brasil é de 3,42%.
Na mesma toada, o diretor-presidente da Unicred Central Multirregional (UCM), Mauro Toledo Sirimarco, sinaliza que a forte atuação regional fortalece o sistema, pois estimula o desenvolvimento e o apoio às comunidades em que estão inseridas. “Isso permite conhecer profundamente a economia da sua região e consequentemente os setores que apresentam crescimento, estagnação ou retração, ajudando na tomada de decisão pontual para cada setor”, garante.
“A busca por resultados coletivos e a participação efetiva na vida financeira de nossos associados, orientando e acompanhando o seu desenvolvimento faz parte da nossa base. Nós oferecemos os mesmos serviços de um banco, com muitas vantagens, pois o cooperado é dono do negócio. Por isso primamos por um relacionamento mais próximo com nossos associados, o que facilita o acesso e aprovação aos serviços. Também é nosso foco oferecer produtos e serviços de qualidade e com taxas reduzidas, tendo um dos melhores custo-benefício do mercado”, comenta o presidente do Sicoob Credisulca, Romanim Dagostin, agregando aos benefícios a movimentação da economia regional, pois “os recursos captados pela cooperativa ficam na própria cidade para fomentar os negócios locais, o que desenvolve a economia”.

Equiparação crescente

Conta corrente, cartões de crédito e de débito, operações diversas, financiamentos, linhas de crédito e muitos outros serviços. As cooperativas guardam muitas semelhanças com os bancos comerciais, mas os diferenciais que contam a favor do sistema cooperativo são significativos. Os cooperados são mais que clientes, são os donos do ‘negócio’ e participam das decisões – isso, aliás, é uma das maiores vantagens que o sistema cooperativo proporciona e um dos principais pontos de atratividade para expansão do setor.
Os usuários das linhas de crédito se beneficiam de taxas diferenciadas e da redução de tarifas, sem falar das aplicações e de sua rentabilidade atrativa e têm sua movimentação assegurada pelo Fundo Garantidor do Cooperativismo de Crédito (FGCoop), que – a exemplo de seu similar Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que atende os bancos convencionais – é independente, mas compartilham a mesma cobertura de R$ 250.000,00 por CPF ou CNPJ para recuperar os depósitos ou créditos das operações financeiras em caso de intervenção ou liquidação extrajudicial.
As cooperativas de crédito subiram em 40% sua participação no mobile banking e devem investir mais de R$ 500 milhões em novas tecnologias neste ano. Dentre os valores de investimentos em tecnologia previstos para esse ano, as três maiores cooperativas do País, incluindo a Unicred, alcançam mais de R$ 500 milhões. Porém, mesmo que a automação seja uma tendência constante, na contramão dos bancos, essas instituições devem abrir mais de 150 novos pontos de atendimento no próximo ano.

Evolução no Brasil

Léo Trombka, coordenador nacional do Conselho Especializado do Ramo Crédito da Organização das Cooperativas Brasileiras (Ceco/OCB), em entrevista ao portal do Sistema OCB/Sescoop, fala da evolução do ramo no Brasil, a partir de 2008, quando da crise financeira originada no subprime nos Estados Unidos, que afetou todo o mundo, incluindo o Brasil. Entre os motivos para essa alavancagem do sistema cooperativo de crédito, cita os próprios princípios cooperativistas: como não visa ao lucro, quando aconteceu a crise, o sistema cooperativo tinha um colchão de liquidez muito grande. Ele pôde manter as taxas baixas para empréstimo, uma remuneração adequada para as aplicações e, consequentemente, pôde honrar compromissos e manter a expansão, porque não visava ao lucro”.
Reportando-se a dados de dezembro de 2016, Trombka afirma que “no Market Share do sistema cooperativo frente ao sistema financeiro nacional, respondemos por 3,57% em ativos totais, 6,4% dos depósitos, 5,95% do patrimônio líquido, e nós temos 3,42% das operações de crédito. Em 2014, os ativos totais eram 2,71%, e os depósitos 4,73%, o patrimônio líquido 4,79% e as operações de crédito 2,78%. Em 2008 o crescimento do sistema cooperativo passou a ser maior percentualmente. Ele começou a crescer mais, uma média de 20% ao ano. Isso significa que a cada três anos o sistema cooperativo dobra de tamanho. Mas a crise, que pegou o sistema financeiro tradicional, também pegou as cooperativas. Só que o crescimento das cooperativas de crédito continuou sendo maior do que no sistema financeiro tradicional porque as taxas continuaram mais baixas. O sistema bancário tradicional começou a encolher o fornecimento de crédito, que ficou mais restritivo. E o sistema cooperativo não”.
http://www.mundocoop.com.br/destaque/sonhos-e-realidade-relacao-viabilizada-pelo-cooperativismo-de-credito.html








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