Cooperativismo brasileiro é recorde nas exportações
*Marco Olívio Morato
As cooperativas têm conquistado um espaço cada vez mais expressivo nas
exportações brasileiras, resultado de um trabalho focado no profissionalismo da
gestão. Em 2011, por exemplo, segundo dados do Departamento de Planejamento e
Desenvolvimento do Comércio Exterior (Depla), órgão ligado ao Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o cooperativismo superou
em 39,8% o valor exportado em 2010, de US$ 4,47 bilhões, atingindo a marca
histórica de US$ 6,17 bilhões. Isso fez com que a balança comercial do segmento
alcançasse um superávit de US$ 5,8 bilhões, crescimento de 40,4% sobre o ano
anterior. Os dados mostram que o desempenho das cooperativas apresenta uma
escalada significativa, que só interrompida em 2009 por consequência da crise
mundial.
A performance tem como componente determinante o fortalecimento da relação
comercial com diversos mercados de destino. Essa parceria fez com que o
cooperativismo ganhasse um espaço relevante nas exportações do agronegócio,
representando 6,5% das vendas totais do setor, superando, assim, o percentual de
5,8% obtido em 2010. Com isso, o segmento das cooperativas alcançou 2,4% do
valor comercializado pelo País em 2011 – em 2005, essa participação era de
apenas 1,9%.
Para chegar a esse resultado, quatro complexos de produtos se destacaram, com
uma participação de 85% no total exportado. A cultura sucroalcooleira, por
exemplo, alcançou um recorde de US$ 2,3 bilhões no ano passado, sendo
responsável por 37% das vendas. Já a soja exportou US$ 1,2 bilhões,
contabilizando 21% de expansão. As carnes aparecem em terceiro lugar, com US$
850 milhões, além de uma fatia de 14% dos embarques do segmento. O café, por sua
vez, ocupou a quarta posição, com US$ 830 milhões.
Uma rápida análise dos números do setor de cooperativas nos permite constatar
também a evolução das vendas para cinco principais países de destino no ano
passado. Observa-se, então, uma retomada de mercados tradicionais, como os
Estados Unidos (EUA), a Alemanha e a Holanda (que se recuperam ou ainda convivem
com a crise mundial), e o fortalecimento de outros em processo de expansão, como
a China e os Emirados Árabes Unidos (EAU).
As exportações do setor cooperativista para os Estados Unidos (EUA), por
exemplo, evoluíram significativamente, representando 11,9% dos itens
comercializados em 2011. Dois principais produtos dominaram a pauta exportadora
para esse país, que registraram, além de aumento no volume, uma significativa
alta na receita vendida. O café foi responsável por 50% desse desempenho,
correspondendo a US$ 369 milhões. Já o complexo sucroalcooleiro respondeu por
48% das vendas, somando US$ 352 milhões. Percebe-se, então, que a relação
comercial com os EUA registrou incremento de 234% em valores no comparativo
entre 2011 e 2010, influenciado pela recuperação da economia americana e o
aumento nas cotações internacionais das commodities. No entanto, o volume
exportado em 2011, de 402,9 mil toneladas, ainda está abaixo do registrado em
2008, antes da eclosão da crise financeira, que foi de 461,18 mil toneladas.
As vendas para a China, por sua vez, foram compostas principalmente por
produtos do complexo da soja, que responderam por 66,3% dos negócios firmados
com o país asiático. O destaque ficou para o farelo, com US$ 448,2 milhões e
60,8% entre as vendas dos derivados desse produto. Vale ressaltar também a
participação das peças de carne de frango, que, em 2011, foram responsáveis por
US$ 136,9 milhões, ou 18,5% das compras chinesas.
Para o fechamento de 2012, bem como para os próximos anos, é esperada uma
participação ascendente do Brasil no comércio internacional de alimentos,
visando atender à crescente demanda internacional. Isso se justifica pelos
produtos de qualidade gerados pelo País, com custo competitivo, além do respeito
às questões socioambientais. Nesse contexto, projeta-se um aumento gradual da
participação das cooperativas nas exportações do agronegócio brasileiro, que têm
trabalhado na melhoria constante de seus produtos e serviços, investindo ainda
fortemente no profissionalismo de sua gestão.
*Marco Olívio Morato é analista de Ramos e Mercados da Organização das
Cooperativas Brasileiras (OCB)