sexta-feira, 26 de outubro de 2012

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Taxas de juros caem para nova mínima histórica em setembro, diz BC
BRASÍLIA – A taxa média de juros cobrada nas operações referenciais de crédito do sistema financeiro caiu 0,2 ponto percentual entre agosto e setembro, atingindo 29,9% ao ano, o menor nível da série histórica calculada pelo Banco Central (BC), com início em junho de 2000. O BC também informou nesta sexta-feira que, pelo terceiro mês seguido, a taxa de inadimplência com atraso há mais de 90 dias permaneceu em 5,9%.

Este é o sétimo mês consecutivo de queda nas taxas médias de juros. No acumulado do ano, caiu 7,2 pontos percentuais.

No mês passado, o declínio foi puxado pelas operações direcionadas às empresas, cujo custo caiu 0,5 ponto percentual, para 22,6% ao ano. Para as famílias, a média, que vinha caindo por seis meses consecutivos, subiu 0,2 ponto percentual, para 35,8% ao ano.

Os spreads bancários (diferença entre o custo de captação dos bancos e a taxa cobrada dos clientes) recuaram de 22,5 pontos percentuais em agosto para 22,3 pontos em setembro, igualando o piso histórico registrado em dezembro de 2007.

Nas operações com pessoas jurídicas, a diferença entre as taxas de captação dos bancos e as aplicadas aos clientes, que era de 15,7 pontos percentuais em agosto, caiu para 15,3 pontos em setembro. As famílias, por sua vez, contrataram crédito com spread de 27,9 pontos em setembro, maior do que no mês anterior (27,7 pontos percentuais).

Segundo o chefe do departamento econômico do BC, Tulio Maciel, a greve dos bancários, que durou cerca de um terço de setembro, influenciou os resultados do crédito no mês passado, em especial, o aumento na taxa de juros média e no spread cobrados das famílias.

Maciel explicou que esse foi um “movimento marginal” decorrente da paralisação dos bancários que acabam favorecendo o crédito imediato, disponível nos terminais de autoatendimento, cujas linhas têm custo mais alto. “Se não fosse isso, essa mudança na composição das modalidades – com cheque especial e cartão de crédito crescendo mais –, certamente teríamos um recuo mais expressivo nos juros e nos spreads para pessoas físicas”, disse o economista do BC.

Inadimplência

Tulio Maciel também usou como argumento para a inadimplência manter-se em 5,9% a greve dos bancários. Ele reafirmou a expectativa da autoridade monetária de que a taxa de calotes deve ceder até o fim do ano.

Desde o início do ano, o BC vem repetindo o discurso de que a inadimplência vai recuar neste segundo semestre. Mas a última vez em que a taxa caiu foi em junho, de 5,9% para 5,8%. Neste ano, a inadimplência variou em todos os meses apenas entre o intervalo de 5,7% e 5,9%. No acumulado dos nove meses, a alta da taxa é de 0,4 ponto percentual.

Nos empréstimos e financiamentos referenciais a empresas, a inadimplência caiu para 4%, 0,1 ponto percentual a menos do que no mês anterior. No segmento de pessoas físicas, a taxa de atrasos está estacionada em 7,9% por três meses. Nesse segmento, a alta da inadimplência acumulada no ano é de 0,5 ponto percentual.

O percentual de calote em aquisição de veículos, apontado pelo BC como grande vilão da inadimplência, aumentou 0,1 ponto percentual tanto nos atrasos acima de 90 dias como nos de 15 a 90 dias, para 6% e 7,8%, respectivamente.

Sob outro critério, a inadimplência também se mostra resiliente. A taxa de inadimplência de todas as operações de crédito do sistema financeiro, livre e direcionado, continuou em 3,8% em setembro pelo sexto mês consecutivo. O volume de operações que tinha pelo menos uma prestação em atraso há mais de 90 dias somava R$ 84,332 bilhões.

Estoque

Já o estoque de crédito no Brasil cresceu 1,1% em setembro, ritmo ligeiramente mais fraco que o verificado em agosto (1,2%), mas ainda superior ao de julho (0,7%). No acumulado de janeiro a setembro de 2012, a variação foi de 10,2%, levando a carteira de empréstimos e financiamentos do sistema financeiro a R$ 2,237 trilhões.

(Murilo Rodrigues Alves | Valor)

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