sábado, 3 de agosto de 2013

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Crise na Flórida abre espaço para suco do Brasil
  
 
Pressionada pela progressiva queda do consumo global de suco de laranja e seus reflexos negativos sobre os preços da commodity, a cadeia citrícola paulista enxerga nos problemas estruturais que prejudicam a produção da Flórida um impulso para o escoamento de suas vendas no médio e longo prazos.
 
Particularmente nos últimos meses, tais adversidades, relacionadas a questões climáticas, fitossanitárias e até imobiliárias, já têm colaborado para sustentar as cotações internacionais da commodity. Mas a expectativa é que esse suporte se solidifique na medida em que o cenário de oferta menor ganhar contornos mais nítidos.
 
Conforme as projeções mais recentes do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), a colheita de laranja na Flórida deverá alcançar 133,4 milhões de caixas de 40,8 quilos nesta temporada 2012/13, 9% menos que em 2011/12. Desde o início do ciclo, em outubro, o USDA reduziu a estimativa em 13%.
 
Isso porque os pomares do Estado sofreram com o tempo seco durante o período de desenvolvimento dos frutos, condição que contribuiu para a proliferação do greening, doença bacteriana de difícil controle também presente no cinturão citrícola paulista.
 
Identificado há mais tempo por aqui, o greening motivou uma migração de pomares do norte para o centro-sul do Estado de São Paulo, por questões climáticas, e vem sendo combatido com mais eficiência do que na Flórida, inclusive com a ampla erradicação de árvores infectadas.
 
Assim, a produção paulista tem permanecido firme nas últimas temporadas. Nos ciclos 2011/12 e 2012/13, foram duas supersafras consecutivas, que serviram para inflar os estoques de suco brasileiro e limitar as curvas de valorização da commodity e dos preços recebidos pelos produtores da fruta.
 
Em 2013/14, cuja colheita está em curso, citricultores e as grandes indústrias de suco (Cutrale, Citrosuco /Citrovita e Louis Dreyfus Commodities) preveem produção de cerca de 270 milhões de caixas em São Paulo e no Triângulo Mineiro (onde as empresas também se abastecem de matéria-prima), ante 380 milhões em 2012/13.
 
Houve um claro desestímulo econômico para a produção de laranja para a fabricação de suco no Brasil em 2013/14, já que os gordos estoques pressionam os preços pagos aos produtores da fruta para abaixo dos custos de produção.
 
Mas, ainda que mais de dois mil citricultores - sobretudo de pequeno porte - tenham deixado a atividade nos últimos anos em São Paulo, conforme o Cepea/USP, não é possível afirmar que há no radar um nível mais baixo de produção em consolidação, já que há avanços de grandes produtores e das indústrias de suco.
 
No caso da Flórida, a curva descendente parece melhor delineada. A ponto de Andres Padilla, analista do Rabobank radicado em São Paulo, já projetar uma acomodação em torno das 100 milhões de caixas nos próximos anos - espaço que, a julgar pela atual disposição das peças no tabuleiro global, só poderá ser ocupado pelo Brasil.
 
Padilla ressalva que esse hiato que tende a ser criado na oferta mundial de suco de laranja poderá não ser a salvação da lavoura, dado o tamanho da produção paulista, mas certamente vai conferir fôlego extra à cadeia no Brasil, que responde por mais de 80% das exportações globais da commodity.
 
Anteriores à disseminação do greening, danos recorrentes provocados por geadas e pelas temporadas de furacões já afetavam a citricultura na Flórida - problemas que ajudaram o desenvolvimento da atividade no Brasil nas últimas décadas -, onde a disputa por terras também está cada vez mais acirrada.
 
"A Flórida é muito procurada pelos aposentados americanos, o que eleva o custo da terra especialmente quando a economia melhora, como agora. Com a incidência do greening no sul do Estado e as fortes geadas no inverno, o espaço para a produção de laranja está ficando cada vez mais limitado", afirma Padilla.
 
Segundo ele, dificilmente a Califórnia, forte na produção de laranja para mesa, ocupará o espaço da Flórida na produção de matéria-prima para a fabricação de suco nos EUA (ver gráficos). E em países como o México, que tem potencial exportador, as escalas tendem a ser menores, mantendo o terreno mais livre para o Brasil.
 http://www.seagri.ba.gov.br/noticias.asp?qact=view&notid=27955
 

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