Max Gueringer: “o cooperativismo foi o promotor do desenvolvimento da raça humana”
Descontração e entusiasmo marcaram o
segundo dia do I Seminário de Desenvolvimento Humano
“Mais antigo que o fogo, a roda e que a própria humanidade, o cooperativismo
foi o promotor do desenvolvimento da raça humana. Nós aprendemos com os animais,
que caçavam em conjunto, a força da união”. Com essa reflexão, começou o segundo
dia do I Seminário de Desenvolvimento Humano promovido pelo Serviço Nacional de
Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop), em Brasília. De quem é a frase? Do
famoso consultor empresarial, Max Gehringer, que revelou ter sido o segundo
membro associado de uma cooperativa de crédito aos 16 anos de idade. Abordando o
tema “Gerenciamento de mudanças”, Gehringer prendeu a atenção de todos ao
participantes durante as quase duas horas em que apresentou exemplos de como se
relacionar e buscar a qualidade de vida no trabalho.
“Cooperativismo é gente igual à gente, ajudando a gente”, afirmou o
consultor. “Quando essa ideia desaparecer, será questão de pouco tempo para a
humanidade também desaparecer”. Gehringer defendeu que o cooperativismo tem que
ser incluído como disciplina nas escolas e incorporado à cultura brasileira. O
palestrante encerrou declarando que “as mulheres são o futuro do movimento”.
POTENCIAL DE CRESCIMENTO
A programação seguiu com o painel “Cooperativas no mundo do trabalho”, no qual o representante nacional do Ramo Trabalho e vice-presidente da Federação das Cooperativas de Trabalho de Serviços e de Produção de Minas Gerais (Fetrabalho MG), Geraldo Magela, defendeu que o futuro do trabalho está na prática cooperativista. “Em muitos países, as mais variadas formas de trabalho cooperativo respondem por grande parte da movimentação econômica. E o papel do cooperativismo é justamente este, de oferecer às pessoas uma alternativa empreendedora de inserção no mercado de trabalho, de geração de renda. No Brasil, ainda somos 5% da população e, mesmo com o aumento na oferta de empregos, ainda existem 35 mil cidadãos desempregados. Há, portanto, um espaço potencial para o fomento às atividades cooperativas”, pontuou Magela.
Alguns desafios para o setor foram citados pelo palestrante: “Primeiramente,
precisamos divulgar à sociedade os benefícios em ser cooperativista. Implantar
um programa de educação cooperativa para as classes trabalhadores seria uma
forma interessante. Também temos de atuar mais fortemente pela intercooperação.
Assim, conseguiremos ocupar espaços interessantes como a atuação no Poder
Público por meio das licitações”.
RESPONSABILIDADE SOCIAL
O desenvolvimento humano passa pela responsabilidade socioambiental. Por isso, o tema foi tema de um painel no seminário, moderado pelo gerente geral de Desenvolvimento de Cooperativas do Sescoop, Maurício Alves. Ele coordenou um debate entre a instrutora do Instituto Ethos Vânia Marques, a coordenadora de Responsabilidade Social da Unimed do Brasil, Maike Mohr, e o coordenador de Alianças Público-Privadas da John Snow Brasil, Rodrigo Laro.
“Quando falamos em responsabilidade social e sustentabilidade,
automaticamente estamos nos referindo à multidisciplinaridade e
interdependência. Esses são fatores que estão presentes no dia-a-dia de uma
cooperativa, que tem papeis econômicos e sociais relevantes. Além disso, o
cooperativismo cumpre esse papel de responsabilidade social, olhando não somente
para dentro, mas também para fora, para a sociedade”, definiu Vânia.
Aproveitando o gancho, Maike Mohr apresentou o Selo Unimed de
Responsabilidade Social. Lançado em 2003, ele reconhece as cooperativas que
adotam práticas socialmente responsáveis. “Mais do que um reconhecimento, ele é
autodiagnóstico para as Unimeds. Nós iniciamos com 53 cooperativas e hoje temos
231 que participam desse processo”, ressaltou a palestrante.
Fechando o painel, Rodrigo Laro, coordenador de Alianças Público-Privadas da
John Snow Brasil, despertou os participantes para a importância do tema
“Tecnologia e Marketing Social”. “Vivemos em um contexto de mudanças
epidemiológicas, demográficas e ambientais, com vários programas e intervenções.
Dessa forma, precisamos trabalhar o social como fomento, lembrando sempre das
diretrizes e princípios cooperativistas. Todos podemos ser agentes de mudança,
afinal os nossos ‘produtos’ são conhecimento, atitudes e práticas sociais. Isso
tem que estar no DNA de toda a empresa, como já vem sendo feito no
cooperativismo”, finalizou.
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