sábado, 15 de junho de 2013

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CAR promove intercâmbio de Agroecologia para lideranças quilombolas

No Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado nesta quarta-feira (05), lideranças quilombolas de nove territórios de identidade da Bahia se reuniram com integrantes do assentamento Terra Vista, no município de Arataca, Litoral Sul da Bahia, com o objetivo de conhecer o modelo de agroecologia utilizado no local, que é referência sobre o assunto.

Estiveram presentes representantes dos Territórios Recôncavo, Extremo Sul, Vitória da Conquista, Sertão Produtivo, Chapada Diamantina, Velho Chico, Irecê, Baixo Sul, Piemonte Norte do Itapicuru e Agreste de Alagoinhas. A ação foi realizada pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), empresa da Secretaria de Desenvolvimento e Integração Regional (Sedir), através do projeto Quilombolas.

Segundo o coordenador da Cooperativa de Produção Agropecuária do Terra Vista, Joelson Ferreira, o terreno onde está localizado o assentamento era improdutivo e degradado. “Foi a partir da junção de esforços que permitiu que criássemos toda essa área de produção e reflorestamento. Há 12 anos trabalhamos a questão da agroecologia aliada a educação, pois não basta apenas plantar um pé de árvore, tem que entender o sistema. Este é o modo de vida que escolhemos”, disse.

As lideranças quilombolas ouviram a história e conheceram as ações desenvolvidas no assentamento, como as áreas de produção de cacau de alta qualidade e de sistema agroflorestal e também o viveiro, e ficaram encantados.

Marilucia Souza Silva, liderança do Território Velho Chico, afirmou que sua vontade é que todos de sua comunidade pudessem conhecer o local. “É importante que todos pudessem ter uma visão mais ampla. Um lugar sem matanças e sem queimadas é uma riqueza”.

Joelson ressaltou que a principal arma é o conhecimento. “Para dar certo tem que unir o saber de quem lida com a terra com a educação técnica. Temos que formar os cidadãos para que eles entendam o porque de preservar”.

De acordo com o coordenador do Conselho do Território do Extremo Sul, Benedito dos Santos Quintiliano, o intercâmbio foi muito importante, pois além da troca de experiências entre as comunidades, eles puderam conhecer como vive e como se organiza outro movimento. “Até certo tempo, nós quilombolas, buscávamos resolver nossas questões com a própria comunidade, mas a partir de interações como essa percebemos que temos interesses muito semelhantes a outros grupos e que, dessa forma, temos uma só luta”.
Ainda segundo Benedito, o resultado do encontro foi muito positivo. “A vontade é sair daqui e replicar o que vimos e ouvimos na nossa comunidade. Um lugar que serve como exemplo, em que as pessoas buscam a agricultura familiar ecologicamente sustentável como forma de qualidade de vida”.

O coordenador do projeto Quilombolas Antônio Fernando, que também esteve presente no evento, disse que é importante que povos e comunidades tradicionais construam junto a movimentos autônomos de trabalhadores rurais, construindo alternativas de articulações que muitas vezes não ocorrem ao nível institucional. “Esse deve romper no âmbito da agroecologia com a visão meramente produtivista”. 

Terra Vista

As práticas de manejo fazem do assentamento Terra Vista uma referência em agroecologia, onde desde o ano de 2000 já foram plantadas mais de 100 mil mudas produzidas no local, fazendo com que cerca de 90% da mata ciliar dos rios Aliança e Lontra que passam pelo local já foram recuperadas.

Cinquenta e cinco famílias moram no assentamento e é da terra que tiram seu sustento cultivando produtos sem o uso de agrotóxicos. Do trabalho com a terra veio a experiência, mas com o conhecimento é que fez com que adquirissem o modo de lidar com o meio ambiente.

Dois centros educacionais funcionam no assentamento, oferecendo cursos do ensino fundamental, profissionalizantes e de nível superior com enfoque na agroecologia. As atividades educacionais no Terra Vista são em parceria com o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária e com o Governo do Estado.

O Terra Vista conquistou, em 2012, a certificação orgânica do Instituto Biodinâmico  (IBD) para a produção cacaueira. Além disso, os viveiros também são certificados e constam no cadastro do Mapa.

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