segunda-feira, 28 de maio de 2012

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Varejo dependente de crédito cresce menos

Os segmentos do varejo mais ligados à renda exibem neste ano um desempenho superior ao daqueles mais dependentes do crédito. No primeiro trimestre, as vendas dos "setores renda" cresceram 5,7% em relação ao trimestre anterior, feito o ajuste sazonal, enquanto as dos "setores crédito" tiveram alta de 1,6%, segundo divisão elaborada pela LCA Consultores a partir da Pesquisa Mensal do Comércio do IBGE. Na média, as vendas do varejo cresceram 3% em relação ao quarto trimestre de 2011.

O primeiro grupo, mais vinculado à renda, teve como grande destaque o setor de supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, que avançaram 6,5% no período. No caso dos segmentos ligados ao crédito, quem puxa o desempenho para baixo são as vendas de veículos, que recuaram 0,3% na mesma base de comparação.

A renda sobe com força neste ano, impulsionada pelo aumento de mais de 14% do salário mínimo e pelo cenário de baixo desemprego, que dá força aos trabalhadores em negociações salariais. Para ajudar, a inflação acumulada em 12 meses está em queda, engrossando o rendimento em termos reais.

No caso dos bens mais ligados ao crédito, o setor de veículos e autopeças foi o mais castigado. O maior endividamento das famílias, associado à inadimplência em alta, afetou tanto a demanda quanto a oferta de crédito para esses bens nos primeiros meses do ano, diz o economista Paulo Neves, da LCA. O desempenho dos setores ligados a crédito foi bastante desigual. No primeiro trimestre, as vendas de móveis e eletrodomésticos aumentaram 4,3% sobre os três meses anteriores, feito o ajuste sazonal. O resultado sugere que as vendas de veículos, bens de maior valor unitário, foram mais afetadas do que de outros segmentos ligados ao crédito que envolvem bens de preços mais baixos. O segmento de material de construção, por exemplo, viu as vendas aumentarem 6%. No entanto, a área de veículos, com peso superior a 32% na pesquisa do IBGE, derruba a média dos setores ligados ao crédito.

A expectativa para os segmentos ligados à renda continua favorável porque o rendimento real deve seguir em alta. O Valor analisou 216 convenções coletivas entre as que foram registradas no Ministério do Trabalho até 25 de maio, referentes a categorias com data-base nos cinco primeiros meses do ano. A média de ganho real negociada nesse intervalo quase dobrou, passando de 1,65% entre janeiro e maio do ano passado para 3,06% neste ano. A queda da inflação, o aumento do salário mínimo e o mercado de trabalho ainda aquecido ajudaram essas negociações salariais neste início de ano, apesar da desaceleração da economia doméstica e das preocupações com o cenário externo.


http://www.valor.com.br/brasil/2678682/varejo-dependente-de-credito-cresce-menos#ixzz1wA4vWqma

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