sexta-feira, 15 de junho de 2012

Cooperativismo

Cooperativa 'Recicla Ourinhos' participa da Conferência Rio+20              
Cooperativa Recicla Ourinhos participa da Conferência Rio+20Catadores de recicláveis que tiveram a vida transformada por um projeto que os retirou lixão de Ourinhos, SP, foram convidados para participar da Conferência Rio+20, que começou nesta quarta-feira (13) no Rio de Janeiro. A história de vida desses trabalhadores mostra a importância que as cooperativas desses trabalhadores têm ganho nos últimos anos, especialmente pela mudança do olhar da população para o meio ambiente.

Enquanto a multidão se diverte em shows e eventos artísticos, lá estão eles, os catadores de recicláveis, em busca do que é descartado. Personagens muitas vezes invisíveis à grande maioria da população. “É raro a gente ver, até sabemos que existem essas pessoas, você joga uma latinha e logo vem alguém e leva, mas, na maioria das vezes você nem percebe”, admite Marcelo Henrique de Lima Pereira, auxiliar de logística.

É no meio do público que centenas de catadores de recicláveis trabalham durante um grande evento, como a feira agropecuária realizada em Ourinhos, que chega a receber 1 milhão de visitantes. Em torno de 20 toneladas de latinhas de alumínio são descartadas durante a festa.

De olho nesse montante, Elias Cardoso Silva viajou 120 quilômetros. “Eu vim de Bauru, de ônibus circular com a minha mulher. Daqui a gente vai pra outra festa pra ganhar mais dinheiro suado. Não pode parar. Tem que trabalhar porque parado não consegue nada neste mundo", afirma o catador.

O trabalho requer olhos atentos e passos rápidos. Quem perde tempo recolhe menos material, e claro, ganha menos no fim da jornada. "Trabalho sem parar, o nosso objetivo é fazer renda para não perder a casa. Tenho sete filhos para criar e uma renda de R$450,00", afirma o também catador Adilson Aparecido do Nascimento.

Cada quilo de alumínio recolhido é negociado a R$2,00 com intermediários de ferros velhos. Depois o produto é encaminhado para empresas que fazem a reciclagem. Os dois catadores que estavam na feira agropecuária são autônomos, atuam por conta própria, por isso não têm direitos trabalhistas. Só que essa realidade aos poucos está mudando.

Em uma cooperativa que funciona em Ourinhos trabalham 80 catadores. São homens e mulheres que lutaram e se organizaram para ter a atividade reconhecida e principalmente direitos assegurados. O projeto é um exemplo e por isso cinco deles vão representar a cooperativa na Conferência da ONU no Rio de Janeiro.

“Após 20 anos, eles saíram do lixão e podem inclusive se aposentar como catadores. A grande diferença é a qualidade de trabalho. Eles têm segurança de trabalho. Possuem uma renda, tem seguro de vida, INSS” explica Matilde Ramos da Silva, presidente da recicla Ourinhos.

O material que chega à cooperativa vem da coleta seletiva feita pelo município. Entre alumino, papelão e garrafas pet, 300 toneladas de recicláveis são processadas todos os meses. Garantia de renda fixa para essas pessoas. “É muito bom, tenho um ganho extra aqui. Além de sermos muito unidos, é uma família”, ressalta a aposentada Benedita Alves da Silva, uma das integrantes da cooperativa.

A realidade de viver em meio ao lixo já fez parte da infância de Lucinéia Maciel. Ela se considera uma vitoriosa por participar do grupo. “Eu trabalhei no lixão desde 11 anos de idade. Era muito difícil, um monte de gente no meio do lixão, procurando o que dava dinheiro. Hoje, com a cooperativa a vida é bem melhor”, conta.

Diante dessa realidade os trabalhadores reciclaram a própria condição e encontraram no que é jogado fora um meio digno de vida. “É uma luta diária, mas, hoje os catadores estão deixando de ser marginalizados e são cada vez mais reconhecidos”, finaliza a presidente da cooperativa.

Fonte: G1 Bauru e Marília / Foto: reprodução/TV Tem em 15/06/2012

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