sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Cooperativismo

A importância do crédito para a sustentabilidade das sociedades cooperativas

O crédito para cooperativas populares é um importante instrumento de democratização do acesso ao crédito. Reunindo-se coletivamente, os cooperados já demonstram seu interesse em promover seu próprio trabalho de forma organizada e democrática. A saída coletiva representa uma ferramenta de desenvolvimento onde se aglutinam as diversas forças para um objetivo comum, o que significa uma grande vantagem em relação a empreendimentos individuais. Além dessa característica, o movimento cooperativo está comprometido com os problemas e preocupações da comunidade e acaba por constituir um sujeito representativo comum.

Entretanto, na sua origem, essas cooperativas já nascem sem a infra-estrutura adequada, são formadas por trabalhadores sem disponibilidade de recursos para investir no negócio coletivo. Em geral as cooperativas desenvolvem suas atividades em instalações precárias, sem dispor dos meios de produção necessários para a operacionalização e divulgação de suas ações. Suas necessidades são diversas, variando das mais complexas as mais simples, tais como reforma de edificações, compra de máquinas, equipamentos, mobiliário, capital de giro.

Um produto que disponibilize crédito para cooperativas populares, deve levar em consideração que o conceito “cooperativa popular” abrange uma ampla gama de empreendimentos coletivos que se encontram em diversos estágios, que vão de empreendimentos em fase de formação até empreendimentos já consolidados.

Políticas públicas que têm por objetivo potencializar vantagens para cooperativas populares começam a surgir em todas as esferas de governo. Tais políticas enfatizam aspectos como o trabalho em rede, incentivos ao comércio solidário, formação e capacitação técnica dos trabalhadores.

Embora muitas instituições de microfinanças tenham sido criadas nos últimos anos, observa-se que poucas alcançaram escala significativa. Muitos fatores explicam este baixo desenvolvimento do setor no Brasil.

A exigência de garantias reais que não podem ser cumpridas pelo público-alvo dos programas de microfinanças é um aspecto que acaba por afastar as populações de baixa renda do acesso ao crédito. Essas exigências criam um círculo vicioso, na medida em que mantém na condição de excluídos os agentes econômicos que estão fora do sistema de crédito tradicional, sem criar mecanismos possíveis para sua inclusão. Portanto, é necessário se pensar em formas alternativas de garantia que tragam instrumentos para inclusão no sistema financeiro nacional.

A troca de garantias reais por garantias alternativas é uma solução para o problema, as chamadas garantias sociais, como o aval solidário, que se constitui em um grupo de 6 a 9 pessoas onde cada um é ao mesmo tempo tomador e fiador dos outros. Ou ainda o crédito escalonado, experiência em que os valores do crédito vão crescendo na medida em que forem sendo amortizados. Essas são soluções que devem ser consideradas como uma forma de permitir a democratização do acesso ao crédito.

Além destes fatores, a concessão de crédito para empreendimentos populares deve ser ágil e desburocratizado, as exigências praticadas pelas instituições de microcrédito ainda não se aplicam à realidade das classes populares tais como negativação do CPF, comprovante de residência, seis meses no mínimo de atividade.

A metodologia de concessão do crédito é de grande importância. A utilização de agentes de crédito tem um papel fundamental de fazer a interlocução entre a instituição concedente e os empreendimentos beneficiários, reduzindo desta forma a assimetria de informação e os riscos envolvidos nessa operação. Além de terem os agentes de crédito o papel de fornecer assessoria técnica e financeira para os empreendimentos e de criar as condições necessárias para a viabilidade do empreendimento. A Proposta de crédito para Cooperativas Populares

Modalidades de concessão de crédito

  As necessidades das cooperativas são múltiplas variam desde a construção ou reforma da sede até a disponibilidade de capital de giro. Três modalidades de crédito são propostas para cobrir essas diferentes necessidades das cooperativas:
  • Crédito para formação de novas cooperativas - Esta forma de crédito é pensada para grupos organizados que queiram constituir cooperativas juridicamente. E neste sentido precisam de financiamento para arcar com custos jurídicos, além de financiamento para pequenos gastos com capital fixo e algum montante financeiro para garantir o capital de giro.
  • Crédito para investimento fixo – Para cooperativas que já estejam constituídas juridicamente, e que necessitam de financiamento para investimento fixo, como a compra de máquinas, equipamentos, ampliação e reforma de instalações do empreendimento.
  • Crédito para capital de giro – Cooperativas em atividade que estejam com dificuldades de desempenhar suas atividades por não ter disponibilidade de capital de giro para compra de matéria prima e mercadorias.
  • Crédito para investimento fixo associado a capital de giro – Modalidade que combina financiamento para investimento fixo e para capital de giro.


Programas de microcrédito

  Através do levantamento da necessidade de crédito das cooperativas populares, é possível observar que suas demandas de crédito são superiores ao crédito disponibilizado pelos programas de microcrédito atualmente difundidos. Identifica-se que as cooperativas têm uma necessidade financeira que varia de R$10.000,00 a R$100.000,00.

Esses valores são superiores porque, diferentemente dos microempreendimentos, as cooperativas precisam dispor de meios de produção e infra-estrutura adequada para o desenvolvimento do trabalho de 20 a 30 cooperados. O que se verifica é que as atividades desenvolvidas pelas cooperativas têm uma dimensão distinta, que se assemelha mais a pequenas empresas do que a um micro-empreendimento.

Porém, seus associados são provenientes de comunidades de baixa renda, e se adaptariam melhor as condições estabelecidas pelos programas de microcrédito, que exigem garantias mais flexíveis do que as exigidas na concessão de crédito por bancos tradicionais. Além de disporem de uma metodologia mais adequada, com agentes de crédito que visitam os empreendimentos e realizam acompanhamento técnico e financeiro.

Este é o principal desafio para um programa que busque disponibilizar crédito para cooperativas populares. Como conceder um crédito de valores superiores, com uma metodologia utilizada para créditos de pequeno valor e com riscos reduzidos?

Crédito associado à capacitação e assessoria

  O que se observa hoje é que as cooperativas populares não podem responder às garantias normalmente exigidas para adesão a um programa de crédito e seus membros dificilmente possuem a capacitação adequada para a administração desses financiamentos.

Neste contexto para colocar os negócios em prática essas cooperativas não precisam apenas de concessão de crédito. Para que o crédito produza efeitos positivos é necessária a capacitação dos cooperados, assessorias técnica e financeira, além de direcionamento para atividades que possam ser lucrativas e ao mesmo tempo colaborem para o desenvolvimento local.

A baixa escolaridade e a falta de conhecimentos específicos dos cooperados exige que o crédito esteja associado a capacitação e ao acompanhamento técnico e financeiro dos empreendimentos por agentes de crédito. Sem assessoria os empreendimentos dificilmente conseguiram se inserir no mercado e tornar-se sustentável.

Antes da implementação do empreendimento coletivo deve-se realizar análises das comunidades onde estão localizados, planos de viabilidade econômica para as cooperativas e acompanhamento técnico dos projetos.

Prazo e carência
Um produto que disponibilize crédito para cooperativas populares deve ter em vista que o desenvolvimento de um empreendimento popular tem um tempo mais lento de maturação. É importante observar que há um processo de organização do funcionamento da cooperativa, que é democrático. Além de existir, a necessidade de um período de capacitação dos cooperados. Portanto, é imprescindível um período mais longo de carência para permitir que a cooperativa se organize como empresa e passe a ter receita. Normalmente este processo varia de 6 a 12 meses, o que deve se compreender num período de carência.

Dessa forma as cooperativas precisam de um prazo mais extenso para saldar seus empréstimos. Uma forma de reduzir os riscos de pagamento e garantir uma maior capacidade de pagamento para as cooperativas tomadoras de crédito, é o parcelamento do crédito em parcelas variáveis crescentes, reduzidas nos primeiros meses e que fossem crescentes na medida em que as cooperativas fossem obtendo receitas maiores resultantes dos ganhos produtivos associados ao crédito.

Os prazos de pagamento devem ser determinados de acordo com o cronograma de maturação de cada empreendimento e decidido junto com os agentes de crédito.

A taxa de juros
O custo de desenvolver uma linha de crédito para cooperativas populares é alto, pois exige uma metodologia especifica. Entretanto, quando bem sucedido o projeto beneficia de 20 a 30 cooperados com os custos de desenvolvimento de um único projeto, além de ter reflexos muito positivos dentro das comunidades em que estas cooperativas estão inseridas.

Nesse sentido, o crédito para cooperativas populares não deve ser visto como uma simples operação financeira. Ofertar crédito para cooperativas populares é uma forma de promover geração de trabalho e renda em comunidades de baixa renda.

Portanto, um produto que ofereça crédito para cooperativas populares deve priorizar a viabilidade do negócio e o pagamento do empréstimo. Para tanto os juros devem ser os menores possíveis. A proposta é de juros de 1% a. m.

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