segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Economia Solidária

Projeto une recuperação ambiental e inclusão social

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Projeto oferece oportunidade de ressocialização/Foto: Divulgação
Apoiada em um tripé que reúne sustentabilidade, reparação do meio ambiente e inclusão social, a empresa Florestas Inteligentes surgiu em 2010 com o objetivo de mudar o conceito de reflorestamento e dar oportunidade aos excluídos.

Após uma parceria com a Penitenciária Edgar Magalhães Noronha (Pemano), localizada em Tremembé, no interior de São Paulo, o projeto foi implantado em uma área de 7,8 hectares, o equivalente a oito campos de futebol, onde 53 detentos cultivam mudas de árvores da mata atlântica e plantam um novo futuro.

A cada três jornadas de oito horas de trabalho, um dia é descontado na pena a ser cumprida. Os selecionados recebem um salário mínimo e mais 10% do valor dos vencimentos. Este capital extra é creditado em uma poupança e entregue ao fim do período de reclusão.

“Nós fomos buscar um público carente no último degrau dos excluídos. A sociedade carcerária é muito complexa e sempre é a última a receber algum recurso”, ressalta Paulo Franzine, sócio e principal idealizador da empresa Florestas Inteligentes.

A seleção, baseada em bom comportamento, prioriza internos em regime semi-aberto que estão cumprindo a fase final de detenção. A partir do momento em que são aprovados, passam a ser conhecidos como reeducandos e recebem a qualificação necessária para trabalhar nas áreas de irrigação, manutenção, plantio, dentre outras.

Mudas
As mudas convencionais, vendidas com altura entre 50 e 70 centímetros, são mais vulneráveis ao ataque de pragas e alterações climáticas. A Florestas Inteligentes oferece versões com mais de um metro, consideradas mudas adultas e mais resistentes às intempéries.

Franzine afirma que cultivá-las em sacos plásticos iria de encontro aos valores do projeto, por isso, as mudas são acondicionadas em embalagens biodegradáveis, compostas de casca de arroz e celulose. O vaso é permeável e, conforme o crescimento da planta, é inserido em outro com maior capacidade. Aos poucos, a embalagem menor se decompõe e enriquece o substrato. Desta forma, o sistema evita o choque durante o transplante das mudas e utiliza matéria-prima local.

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Vasos biodegradáveis favorecem o crescimento saudável das mudas/Foto: Divulgação

Ao todo, são 130 espécies de árvores exóticas e nativas da mata atlântica, como o Ipê Amarelo, o Jequitibá e a Embaúba. Vendidas por cerca de R$ 10,00, as mudas possuem mais chances de sobrevida. “O plantio feito com pequenos tubetes em sacos plásticos, com mudas pequenas, resulta no inverso, pois apenas 20% das plantas sobrevivem e, sendo assim, não existe o cumprimento da lei e nem do reflorestamento”, explica Franzine.

A comunidade que vive ao redor da penitenciária também é beneficiada pelo projeto Florestas Inteligentes, pois as mudas são oriundas de sementes colhidas por famílias carentes da região. A empresa oferece cursos preparatórios de arvorismo e rapel e fornece os equipamentos adequados para a coleta. Ao final do mês, toda a colheita realizada por cerca de 50 famílias é adquirida. Com isso, a empresa tem capacidade de produzir 100 mil mudas por mês.

“Encontramos um nicho no mercado, mas entendemos que esse caminho não tinha que ser apenas comercial e, sim, um trabalho que tivesse uma preocupação ambiental e um cunho social”, define Franzine.

Sustentabilidade

Atualmente, o projeto conta com 1,5 milhões de exemplares prontos para serem utilizados em reflorestamento ou compensação ambiental, quando empresas são obrigadas, por lei, a recuperar áreas degradadas.

Na área destinada ao projeto, além dos dois viveiros, está instalada a fábrica de substrato. Diariamente, 10 reeducandos produzem a fórmula que garante a saúde e o crescimento vigoroso das plantas.

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