segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

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Resíduo de óleo produzido no Festival de Verão será transformado em bioenergia
 
 
Resíduo de óleo produzido no Festival de Verão será transformado em bioenergiaDona Terezinha Soares, 60 anos, se orgulha em ser a única baiana de acarajé que está no Festival de Verão desde a primeira edição. Nesses 14 anos, ela acompanhou a evolução da festa e, claro, perdeu as contas de quantos acarajés foram vendidos e também de quantos litros de azeite de dendê foram despejados nas lixeiras. Este ano, o que restar do acarajé dela vai se tornar biodiesel e fornecer parte da energia do Festival.

“Eu achei ótimo. Era algo que ia jogar fora. Antes colocava num saco plástico e jogava no lixo, ou quando estava na praia colocava numa vasilha e enterrava”. lembra a baiana, que afirma gastar 15 litros de azeite por noite. “Agora vou deixar aqui e esperar o pessoal passar pra buscar”.

Pensando no meio ambiente, os organizadores do Festival de Verão vão aproveitar a influência do evento em prol da causa. E a grande novidade é que todo o resíduo de óleo utilizado para fritar alimentos será transformado e reaproveitado para a festa.

Segundo Mônica Alcântara, consultora da empresa Reclicagem, responsável pelas iniciativas ambientais no evento, a intenção do projeto é diminuir ao máximo os impactos negativos de uma festa com as proporções do Festival.

“Em vários pontos da estrutura foram utilizados materiais reaproveitados ou recicláveis. Em vários espaços, o carpete é feito de garrafas PET, a madeirite utilizada foi construída com caixas de leite e sucos”, explica. “Nos pontos em que não conseguimos diminuir o impacto com o uso de materiais, optamos pela redução do uso”, conta Mônica.

Lixo prensado
Na prática, de um jeito ou de outro, todo mundo vai participar do projeto. A começar pela produção do biodiesel, e pelo lixo, que será separado por gênero (papel, metal, plástico e orgânico). Parte dele será prensado no local e o que for resto de comida será transformado em adubo. Tudo acontecendo diante do público.

“A central de triagem é aberta à visitação e os frequentadores poderão acompanhar e conhecer um ciclo do lixo completo”, afirma a coordenadora do projeto ambiental do Festival de Verão, Ângela Márcia.

A produção do biodiesel é uma parceria entre o Festival, a escola Politécnica da Ufba e a empresa A Geradora. Segundo Ângela Márcia, toda a energia do evento será movida pelo combustível produzido pelos pesquisadores. “Os resíduos produzidos no parque não dão conta de toda a energia que precisamos, mas parte será do que for recolhido aqui, e parte do que já foi recolhido pela Ufba em outras partes da cidade será o suficiente”, explica.

À frente da pesquisa, o coordenador do laboratório de energia da Ufba, Ednildo Torres, ressalta que o biodiesel produzido a partir dos resíduos da festa é mais renovável e limpo que o comercializado em postos de combustível.

“Na bomba comum há o biodiesel 5%. Ou seja, 5 litros de biodiesel e 95 de óleo diesel a cada 100 litros distribuídos. O nosso terá 30 litros de biodiesel a cada 100. Se tem mais biodiesel, menos agressor ao meio ambiente ele é”, disse. 

Segundo Ednildo Torres, essa adequação melhora as emissões atmosféricas, protege os rios e mares onde seria descartado esse óleo, além de contribuir para a pesquisa científica.

O professor diz ainda que oito alunos da Ufba vão monitorar os geradores de energia. “Nosso objetivo é identificar melhorias a partir do uso do biodiesel como forma de energia e criar metas para os próximos eventos”, diz Torres.

 reciclagem Segundo Ângela, os proprietários e funcionários das lanchonetes e restaurantes foram instruídos a separar o lixo por gênero. O que não for prensado ou transformado em adubo no espaço será encaminhado para centros de reciclagem pela Cooperativa dos Recicláveis de Canabrava (Cooperbrava).

E como o objetivo é aproveitar tudo o que for possível, os materiais que não forem utilizados pela cooperativa ou pela Ufba, como lonas e toldos, serão doados a entidades para serem reutilizados.

A coordenadora diz que até mesmo na decoração foram priorizados materiais de menor impacto ambiental. “No camarote da Rede Bahia fizemos o revestimento das paredes com papel de jornal e revistas. Os móveis são oriundos de reuso ou serão reutilizados posteriormente, todas as espécies vegetais serão replantadas e as louças e peças sanitárias têm um esmalte não aderente. Ou seja, é mais fácil de limpar e consome menos produtos químicos”, explica.

Mensagem

A coordenadora diz que os outros camarotes também foram orientados a utilizar materiais de menor impacto. “Na verdade, todo o Festival foi pensando dessa forma. Usar materiais menos impactantes, gastar menos energia, passar essa mensagem”, relata. Mas as ações não estão restritas ao espaço da festa.

Em parceria com ongs e projetos sociais, o Festival de Verão apoiou a limpeza de praias e procurou formas menos poluentes de divulgar o evento. “Queremos atingir o máximo de pessoas possível e a educação ambiental não pode se limitar ao Parque de Exposições”, defende Ângela Márcia.
Fonte: Correio em 27/01/2012

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