segunda-feira, 9 de julho de 2012

Economia Solidária

Microcrédito e as Cooperativas de Crédito

Em sua publicação "Microfinanças - O Papel do Banco Central do Brasil e a Importância do Cooperativismo de Crédito", o BACEN faz uma análise do mercado de microfinanças no Brasil.

Seguem alguns trechos do conteúdo publicado:

"Para análise da demanda e oferta do mercado de microfinanças brasileiro, feita pela primeira vez neste livro, foi utilizada metodologia bastante simplificada, sem a pretensão de apresentar números definitivos. No caso do microcrédito, pela sua importância estratégica, foram feitas depurações e corrigidas tabelas de períodos anteriores, tudo com o objetivo de trazer elementos úteis para a análise desses mercados.

O cálculo do volume de demanda por microfinanças foi baseado na Pesquisa Nacional de Análise Domiciliar (PNAD) realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2005, com a estratificação resumida na Tabela 1, utilizando-se metodologia que parte dos seguintes pressupostos:
  • as faixas A, B e C representam o público que interessa aos bancos tradicionais (8,9%);
  • as faixas C, D e E são aquelas que representam ambiente mais propício ao desenvolvimento do cooperativismo de crédito (25,3%);
  • as faixas de E a H são aquelas onde se situam o público-alvo das microfinanças (80,6%);
  • as faixas C e E representam as zonas de concorrência."

Analisando-se estes dados e comparando-os ao enorme desafio do Cooperativismo de Crédito brasileiro, que é o aumento da participação de mercado, temos que o público alvo das Cooperativas é de aproximadamete 22 milhões de brasileiros (somatório das faixas C, D e E).

Tabela de Público Alvo de Microfinanças
Em termos e faixa de renda as Cooperativas de Crédito encontrariam maior respaldo na população com renda entre R$ 1.000,00 e R$ 5.000,00 mensais.

Sob o ângulo das Microfinanças "tem-se então que 80,6% (faixas de E a H) das 87 milhões de pessoas com rendimento, ou seja setenta milhões, encontram-se na faixa de renda compatível com o mercado das microfinanças. Considerando-se que metade tem interesse em obter crédito, chega-se ao valor de 35 milhões de pessoas demandantes por microfinanças (40,2% de 87 milhões)."

Para que as Cooperatvas de Crédito pudéssem experimentar maiores percentuais de crescimento no Brasil e assumissem um papel mais importante na concessão de empréstimos também ao público alvo do microcrédito, o CMN (Conselho Monetário Nacional) editou em 2003 a Resolução 3.106/03 permitindo que as Cooperativas pudéssem transformar-se em "livre admissão de associados", deixando as mesmas de ser essencialmente rurais ou de crédito mútuo "fechadas".

As Cooperativas de Crédito tem fundamental importância no cenário nacional quando analisada sua expressão na rede de atendimento do país. Em dez/10, os quase 4.500 pontos de atendimento cooperativo repesentavam 18,5% de todas as agências bancárias brasileiras, ou 10,5% quando considerados também os PAB´s e os PAP´s.

O que se percebe, no entanto, é que das mais de 1.300 cooperativas de crédito do Brasil apenas um pequeno grupo de aproximadamente 250 aproveitaram os benefícios da livre admissão (Resolução 3.106/03) e abriram-se para outros públicos que não o rural ou o segmentado. A grande maioria das cooperativas brasileiras (50%) ainda tem em seus estatutos a previsão de atenderem apenas à um público específico, normalmente o de funcionários ou profissionais de uma mesma categoria, fato este que limita o crescimento do market share (participação de mercado) das Cooperativas de Crédito, tanto no microcrédito como nas operações de valores maiores.

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