Microcrédito e as Cooperativas de Crédito
Em sua publicação
"Microfinanças - O Papel do Banco Central do Brasil e a Importância do
Cooperativismo de Crédito", o BACEN faz uma análise do mercado de
microfinanças no Brasil.
Seguem alguns
trechos do conteúdo publicado:
"Para análise da demanda e oferta do
mercado de microfinanças brasileiro, feita pela primeira vez neste livro, foi
utilizada metodologia bastante simplificada, sem a pretensão de apresentar
números definitivos. No caso do microcrédito, pela sua importância estratégica,
foram feitas depurações e corrigidas tabelas de períodos anteriores, tudo com o
objetivo de trazer elementos úteis para a análise desses mercados.
O cálculo do volume de demanda por
microfinanças foi baseado na Pesquisa Nacional de Análise Domiciliar (PNAD)
realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2005,
com a estratificação resumida na Tabela 1, utilizando-se metodologia que parte
dos seguintes pressupostos:
-
as faixas A, B e C representam o público que interessa aos bancos tradicionais (8,9%);
-
as faixas C, D e E são aquelas que representam ambiente mais propício ao desenvolvimento do cooperativismo de crédito (25,3%);
-
as faixas de E a H são aquelas onde se situam o público-alvo das microfinanças (80,6%);
-
as faixas C e E representam as zonas de concorrência."
Analisando-se estes dados e comparando-os ao
enorme desafio do Cooperativismo de Crédito brasileiro, que é o aumento da
participação de mercado, temos que o público alvo
das Cooperativas é de aproximadamete 22 milhões de brasileiros
(somatório das faixas C, D e E).
Em termos e faixa de
renda as Cooperativas de Crédito encontrariam maior respaldo na
população com renda entre R$ 1.000,00 e R$ 5.000,00 mensais.
Sob o ângulo das Microfinanças "tem-se então que
80,6% (faixas de E a H) das 87 milhões de pessoas com rendimento, ou seja
setenta milhões, encontram-se na faixa de renda compatível com o mercado das
microfinanças. Considerando-se que metade tem interesse em obter crédito,
chega-se ao valor de 35 milhões de pessoas demandantes por microfinanças (40,2%
de 87 milhões)."
Para que as Cooperatvas de Crédito pudéssem
experimentar maiores percentuais de crescimento no Brasil e assumissem um papel
mais importante na concessão de empréstimos também ao público alvo do
microcrédito, o CMN (Conselho Monetário Nacional) editou em 2003 a Resolução
3.106/03 permitindo que as Cooperativas pudéssem transformar-se em
"livre admissão de associados",
deixando as mesmas de ser essencialmente rurais ou de crédito mútuo
"fechadas".
As Cooperativas de Crédito tem fundamental
importância no cenário nacional quando analisada sua expressão na rede de
atendimento do país. Em dez/10, os quase 4.500
pontos de atendimento cooperativo repesentavam 18,5% de todas as agências
bancárias brasileiras, ou 10,5% quando considerados também os
PAB´s e os PAP´s.
O que se percebe, no entanto, é que das mais de
1.300 cooperativas de crédito do Brasil apenas um
pequeno grupo de aproximadamente 250 aproveitaram os benefícios da livre
admissão (Resolução 3.106/03) e abriram-se para outros públicos
que não o rural ou o segmentado. A grande maioria das cooperativas brasileiras
(50%) ainda tem em seus estatutos a previsão de atenderem apenas à um público
específico, normalmente o de funcionários ou profissionais de uma mesma
categoria, fato este que limita o crescimento do market share (participação de
mercado) das Cooperativas de Crédito, tanto no microcrédito como nas operações
de valores maiores.
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