terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Cooperativismo

No ano internacional das cooperativas, Coopersol já beneficia mais de 50 mil agricultores

No ano internacional das cooperativas, Coopersol já beneficia mais de 50 mil agricultores
 
Lançado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) em 2004, o Programa de Fomento ao Cooperativismo da Agricultura Familiar e Economia Solidária (Coopersol) chega a 2012, Ano Internacional das Cooperativas, com mais de 50 mil agricultores familiares associados. O programa busca fortalecer as organizações associativas da agricultura familiar e dos assentados da reforma agrária, com foco nas cooperativas de produção e crédito, visando a ampliação da capacidade de geração de renda, por meio da agregação de valor aos produtos e acesso a mercados, de forma competitiva.

O Coopersol, que integra as ações do Programa de Desenvolvimento Sustentável de Territórios Rurais da Secretaria de Desenvolvimento Territorial (SDT/MDA), tinha como meta ampliar significativamente o número de cooperativas de crédito, de produção, de comercialização e de turismo conduzidas por agricultores. E conseguiu: quando surgiu, há sete anos, o programa reunia apenas 140 cooperativas, número que, em 2009, chegou a 900 e, na virada de 2011 para 2012, ultrapassou o primeiro milhar.

“O objetivo é assegurar a inclusão social e a redução das desigualdades sociais, promovendo a segurança alimentar, o crescimento sustentável com geração de trabalho e renda — através da ampliação das fontes de financiamento —, e a democratização de acesso ao crédito cooperativo e ao microcrédito”, explica o consultor especialista em cooperativismos da Coordenação Geral de Associativismo e Cooperativismo da Secretaria de Desenvolvimento Territorial (SDT/MDA), Luís Tividini.

O Coopersol é considerado uma ação concreta em direção aos objetivos gerais de desenvolvimento do cooperativismo solidário estabelecidos no Plano Brasil Cooperativo, do Governo Federal, que concede a cada ministério autonomia para implantar programas que estimulem o crescimento do setor. “O programa também contribui para diversificar os serviços prestados pelas cooperativas aos associados, ampliando o uso do crédito e da assistência técnica, organizando a produção e incrementando a comercialização da produção”, destaca Tividini.

Nos últimos cinco anos, o Coopersol contou com investimentos de R$ 53 milhões, a maior parte em ações de capacitação de dirigentes e técnicos desde 2007. Na avaliação de Tividini, o Coopersol possui todas as condições necessárias para avançar ainda mais em 2012, e um dos fatores que podem contribuir para isso é a emissão de parecer favorável para a constituição de cooperativas de crédito.

“Quando foi criado o Coopersol, o MDA estabeleceu com o Banco Central uma parceria para conceder a autorização para o funcionamento das cooperativas de crédito. O MDA passou a avalizar, junto ao BC, os grupos em condições de criar uma cooperativa. Através do Coopersol, o MDA já conseguiu ajudar a emitir 108 pareceres favoráveis para a constituição de novas cooperativas de crédito rural. Ou seja, a parceria facilitou e agilizou a criação das cooperativas de crédito no meio da agricultura familiar”, informa Tividini.

A inexistência de agências bancárias em muitas localidades foi um dos motivos que levaram à criação do Coopersol, em 2004. Segundo dados do BC da época, 1.665 municípios em todo o país (29% de um total de 5.658) não contavam com bancos. Assim, as cooperativas de crédito, reconhecidas como instituições financeiras, vieram cumprir esse papel, auxiliando a atividade da agricultura familiar.

As principais ações realizadas pelo Coopersol são a capacitação dos produtores familiares para participação mais efetiva na estruturação e gestão dos empreendimentos associativos e cooperativos, a formação de agentes de desenvolvimento para atuar na gestão desses empreendimento, a oferta de assessoria técnica e gerencial de boa qualidade, o desenvolvimento de produtos e promoção comercial da agricultura familiar e o fomento às cooperativas da agricultura familiar e reforma agrária.

Ainda segundo a avaliação de Luís Tividini, o grande desafio para este ano é dar maior visibilidade ao programa, ampliando a sua divulgação. “Ou seja, mostrar como é simples o acesso dos agricultores ao Coopersol e como são as ações que resultam no aumento do número de cooperativas solidárias e associados. Esperamos dar mais amplitude, levar mais conhecimento e divulgar ainda mais o Coopersol, e, através dele, ampliar o número de organizações associativas e, por consequência, o números de associados. Além de sinônimo de inclusão social, o Coopersol leva qualidade de vida aos agricultores familiares do Brasil”, frisa Tividini.

2012: Ano Internacional das Cooperativas

A Assembleia Geral das Nações Unidas ratificou, em 22 de dezembro último, a resolução sobre “Cooperativas e Desenvolvimento Social”, que declara 2012 como ano Internacional das Cooperativas (IYC, na sigla em inglês). Com isso, a ONU reconhece o modelo cooperativo como fator importante no desenvolvimento econômico e social dos países. Esta é a primeira vez na história que um ano será dedicado ao setor cooperativista.

Consideradas economicamente viáveis e socialmente responsáveis, as cooperativas operam em setores que vã desde a agricultura até finanças e saúde. A ONU se propõe a três objetivos: aumentar a consciência sobre esse modelo empresarial e sua contribuição positiva, promover sua formação e seu crescimento, e impulsionar os Estados-membros para que adotem políticas que favoreçam sua expansão.

Sem importar o setor no qual atuam, as cooperativas são consideradas modelos de empresas bem- sucedidas porque seus integrantes são responsáveis por todas as decisões da instituição. Além disso, elas não objetivam a maximização dos lucros, mas atender às necessidades de seus membros, que participam do gerenciamento.

O potencial das cooperativas para ajudar a erradicar a pobreza, criar e fortalecer práticas sustentáveis e contribuir para o desenvolvimento são as características que a ONU pretende destacar para que os Estados-membros as promovam. Um dos principais assuntos que a agenda da ONU para o desenvolvimento propõe é destacar o aspecto humano, mais do que o financeiro – e as cooperativas combinam ambos.

O início das cooperativas remonta à Europa dos anos 1800. Na Alemanha, em 1860, Friedrich Raiffeisen projetou uma empresa de poupança e crédito para ajudar os agricultores. Sua ideia de banco cooperativo se propagou a outras partes da Europa. Ao mesmo tempo, Schultze-Delitsch criou um banco semelhante em áreas mais urbanas.

Também surgiram cooperativas de consumo entre trabalhadores têxteis por volta de 1840 na Grã-Bretanha, em época de crise econômica. Posteriormente, na década de 1950, esse tipo de empresa constituía 12% do comércio varejista. Atualmente, as cooperativas contam com um bilhão de membros em mais de cem países.

Fonte: Jornal Agora MS em 10/01/2012

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