sábado, 26 de maio de 2012

Notícias

A utopia da sustentabilidade

   

 

A primeira década do século XXI foi marcada por um despertar global para os impactos dos nossos hábitos de consumo no meio ambiente. Ecologia deixou de ser um assunto restrito ao universo de cientistas e ambientalistas, tornando-se moda, passando a ocupar lugar de destaque na mídia e na mente dos consumidores e, por consequência, na agenda das empresas.

Entretanto, é impossível pensar em sustentabilidade num sistema baseado em lixo. Como falar em “ecologicamente correto” se nossos hábitos de consumo geram todos os dias, somente no Brasil, mais de 240 mil toneladas de lixo?

Para se ter uma ideia desse volume: 1 caminhão carrega 7 toneladas de lixo. Estamos falando de 35 mil caminhões de lixo produzidos todos os dias no Brasil. O atual modelo de desenvolvimento econômico está lastreado em um padrão insustentável de poluição e lixo. Quanto mais rica a economia de um país, mais lixo é gerado. Mas o que é o lixo mesmo e porque esse conceito não combina com uma sociedade ecologicamente correta?


Conhecido por nós como algo sujo, inútil e descartável, o lixo é um conceito humano simplesmente desconhecido pela Natureza. É impossível encontrar desperdício na Natureza, um sistema em que o reaproveitamento é lei básica. O lixo é um termo criado para explicar uma anomalia nos padrões naturais da Vida, pois não há lixo nos processos naturais. Na Natureza, as substâncias produzidas pelos seres vivos e que são inúteis ou prejudiciais para o organismo, tais como as fezes e urina dos animais, ou o oxigênio produzido pelas plantas verdes como subproduto da fotossíntese, assim como os restos de organismos mortos são, em condições naturais, reciclados.

Pelo contrário, somente 5% do lixo no Brasil é reciclado. Segundo a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, 76% do lixo brasileiro acaba em lixões a céu aberto. Esses lixões são uma ameaça à saúde pública porque permitem a proliferação de vetores de doenças. Além disso, a decomposição do lixo nesses locais não só gera o metano, que polui o ar, como também o chorume, um líquido preto e fedido que envenena as águas superficiais e subterrâneas.

Ao mesmo tempo em que é um problema em si, o lixo é um sintoma de um problema maior: a forma errada com que exploramos o meio ambiente. Como pensar em sustentabilidade onde o padrão atual de consumo dos recursos naturais desrespeita leis básicas da Natureza? Nosso consumo é a mola mestra de um modelo de desenvolvimento insustentável e ecologicamente irresponsável.

Dessa forma, diante desse cenário, sustentabilidade é uma utopia, uma visão fantasiosa, muito distante da realidade atual. Para caminharmos em direção a uma civilização em harmonia com a Natureza, é preciso mudar os objetivos, a postura, a forma de pensar e principalmente os hábitos. Reciclar e reaproveitar, copiando o modo de funcionamento da Natureza, é a única forma de sermos ecologicamente corretos de verdade.

E essa é a importância das utopias: nos indicar qual caminho seguir.
http://reciclage.org/sustentabilidade/utopia/

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado! Sua opinião é muito importante.