Economia brasileira cresce 8,9% no 1º semestre, maior alta em 14 anos
A economia brasileira cresceu 8,9% no primeiro semestre deste
ano em relação a igual período de 2009, informou o Instituto Brasileiro de
Geografia de Estatística (IBGE) nesta sexta-feira, 3. Foi o melhor desempenho
histórico para um semestre desde o início da série, em 1996. Nos últimos 12
meses até junho, o PIB acumula alta de 5,1%. (Ao final do texto, leia a
explicação sobre o que é o PIB).
De acordo com agerente da Coordenação das Contas Nacionais do
IBGE, Rebeca Palis, a expansão recorde teve como destaque a indústria, que
mostrou bom desempenho no período, com alta de 14,2% no PIB do primeiro semestre
ante o primeiro semestre de 2009.
No entanto, ela fez uma ressalva. 'É importante destacar que
estamos comparando este período com o recorde negativo do PIB semestral' disse,
lembrando que, no primeiro semestre de 2009, o PIB caiu 1,9% ante igual período
em 2008. Ou seja: o resultado está sendo influenciado por base de comparação
mais fraca.
No segundo trimestre, a expansão do PIB foi de 1,2% ante o
período de janeiro a março deste ano, superando as estimativas. Ainda segundo o
instituto, o PIB do segundo trimestre somou R$ 900,7 bilhões. Segundo um
levantamento realizado pelo serviço AE Projeções, com 42 instituições, a
variação projetada pelos analistas para o PIB era de 0,30% a 1,12% em relação ao
primeiro trimestre, já descontando os ajustes sazonais. A aposta média ficou em
0,70%.
Na comparação com o segundo trimestre do ano passado, o PIB
apresentou alta de 8,8% entre abril e junho deste ano, resultado que também
superou o teto das estimativas coletadas pelo AE Projeções, que variavam de
7,00% a 8,70%, com mediana de 8,00%.
No primeiro trimestre, o PIB subiu 2,7% em relação ao trimestre
anterior e 9% ante o mesmo trimestre de 2009. Para os especialistas, esses
números marcaram o auge dos incentivos fiscais e monetários, dados pelo governo
para amenizar os efeitos da crise global.
Já o segundo trimestre foi marcado pela redução dos incentivos
fiscais e pelo início do ciclo de alta e juros, para diminuir o aquecimento da
economia e conter a inflação. Além disso, a Copa do Mundo afetou os negócios,
especialmente nos dias de jogo da Seleção Brasileira. Nesse período, a produção
industrial sofreu três quedas mensais seguidas.
Investimentos em alta
A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), constituída
principalmente por máquinas e equipamentos e pela construção civil, registrou
alta de 2,4% no segundo trimestre de 2010, na comparação com os três primeiros
meses deste ano. Em relação ao segundo trimestre de 2009, o indicador registrou
alta de 26,5%, o maior crescimento nesta base de comparação desde o início da
série histórica, em 1996.
Já a taxa de investimento (FBCF/PIB) registrou alta de 17,9%
no segundo trimestre de 2010, contra 15,8% no segundo trimestre de 2009. Já a
taxa de poupança bruta atingiu 18,1%, ante 16,0% do segundo trimestre de
2009.
Indústria, agropecuária e serviços
O Produto Interno Bruto (PIB) da indústria subiu 1,9% no
segundo trimestre deste ano ante o trimestre imediatamente anterior, de acordo o
IBGE. Ainda segundo o instituto, na comparação com o segundo trimestre do ano
passado, o PIB da indústria cresceu 13,8% entre abril e junho deste ano.
Segundo o instituto, o PIB da agropecuária subiu 2,1% no
segundo trimestre ante primeiro trimestre. Na comparação com segundo trimestre
de 2009, o PIB da agropecuária teve avanço de 11,4%.
Já o PIB do setor de serviços mostrou alta de 1,2% em base
trimestral e, na comparação anual, avançou 5,6%.
Investimentos influenciam e importações crescem 38,8%
A alta de 38,8% registrada nas importações de bens e serviços
no segundo trimestre de 2010 em relação ao mesmo período de 2009 foi
influenciada por uma alta dos investimentos, segundo a gerente de contas
nacionais do IBGE, Rebeca Palis. Ela explicou que foram destaques na pauta de
importação no período itens que podem ser considerados, em parte, investimento,
como automóveis, caminhões, equipamentos elétricos e material elétrico.
A taxa de crescimento das importações (38,8%) foi mais de
cinco vezes superior à das exportações (alta de 7,3%, na mesma comparação).
Segundo Rebeca, o resultado foi influenciado pela variação da taxa de câmbio no
período. No segundo trimestre de 2010, o câmbio estava em R$ 1,79, na média
trimestral das taxas de compra e venda. Já no segundo trimestre de 2009, a taxa
estava em R$ 2,07.
Consumo das famílias avança 0,8%
O consumo das famílias cresceu 0,8% no segundo trimestre de
2010 ante o primeiro trimestre. Em relação ao segundo trimestre de 2009, o
consumo das famílias registrou alta de 6,7%.
Já o consumo do governo cresceu 2,1% entre abril e junho deste
ano na comparação com os três primeiros meses de 2010 e subiu 5,1% em relação ao
segundo trimestre de 2009.
'A aceleração no consumo da administração pública é explicada
pela época de eleições nas esferas federal e estadual', disse Rebeca Rebeca
Palis, gerente de Contas Nacionais do IBGE.
ENTENDA O QUE É O PIB
O Produto Interno Bruto representa o total de riquezas
produzido num determinado período num país. É o indicador mais usado para medir
o tamanho da economia doméstica. No Brasil, o cálculo é realizado pelo IBGE,
órgão responsável pelas estatísticas oficiais, vinculado ao Ministério do
Planejamento.
O cálculo do PIB leva em conta o acompanhamento de pesquisas
setoriais que o próprio IBGE realiza ao longo do ano, em áreas como agricultura,
indústrias, construção civil e transporte. O indicador inclui tanto os gastos do
governo quanto os das empresas e famílias. Mede também a riqueza produzida pelas
exportações e as importações. O IBGE usa ainda dados de fontes complementares,
como o Banco Central, Ministério da Fazenda, Agência Nacional de
Telecomunicações e Eletrobrás, entre outras.
O PIB pode ser medido de duas formas, para um mesmo resultado.
Quando o PIB é analisado pela ótica de quem produz essas riquezas, entram no
cálculo os resultados da indústria (que respondem por 30% do total), serviços
(65%) e agropecuária (5%).
Outra maneira de medir o PIB é pela ótica da demanda, ou seja,
de quem compra essas riquezas. Nesse caso, são considerados o consumo das
famílias (60%), o consumo do governo (20%), os investimentos do governo e de
empresas privadas (18%) e a soma das exportações e das importações (2%).
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