domingo, 6 de maio de 2012

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Estímulo monetário para levantar a economia

O Banco Central do governo Dilma não é previsível, muda o discurso com mais frequência do que o esperado, é sensível ao ritmo de crescimento e tem a favor do alívio monetário, que colocou em marcha em agosto do ano passado, a vagarosa reaceleração da atividade, que segue condicionada à economia internacional. A partir do momento em que o governo tira o entrave institucional para queda maior da taxa de juro – a estrutura original de remuneração da caderneta de poupança – o BC ganha espaço para dar mais estímulo monetário à economia.

“O BC pode cortar o juro mais fortemente e mais rapidamente nesse novo cenário”, explica credenciado interlocutor do blog Casa das Caldeiras. “O BC sinalizou, por meio de pesquisas feitas ao mercado, que vê a taxa neutra de juro próxima a 4,5%. Tomando esse parâmetro, o estímulo monetário efetivo da prática de juros menores está ocorrendo há poucos meses. E isso autoriza o BC a ir mais fundo com a política monetária ajudando a levantar a economia”, completa a fonte, que não vê a menor chance de a presidente Dilma Rousseff se conformar com a taxa Selic estacionando em 8,5%, após mexer na caderneta de poupança.

Sergio Vale, economista-chefe da MB Consultores Associados, considera “clara” a sinalização de Selic mais baixa, devendo chegar a 8% até o fim do primeiro semestre. E também não descarta percentual menor. “Não me parece tolice acreditar que podemos entrar no segundo semestre com Selic inferior a 8%. Tudo vai depender do crescimento. Como até lá os indicadores continuarão ruins – e com a produção industrial de março mostrando a dificuldade de se sustentar crescimento do PIB de 3% esse ano –, o cenário de Selic indo para 7,5% não parece fora de propósito. Por enquanto ficamos com 8% no fim do ano, mas com a pulga atrás da orelha que deverá ser ainda menos. E veja que nem toquei em inflação, um mero detalhe em toda essa discussão”, explica.

José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator, mantém sua projeção de Selic a 8,75% em dezembro, se não houver mudança que justifique esse percentual logo mais – a exemplo da anunciada nesta quinta-feira. De bate pronto, o economista avalia que a Selic pode ir até 8%. Gonçalves reconhece a necessidade de o governo eliminar uma taxa de juros nominal fixa, mas lembra que outras providências são relevantes. E chama atenção para as Letras Financeiras do Tesouro, que rendem praticamente a Selic, e o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço. “Se o dilema do BC for entre reduzir a Selic e criar um problema para o Tesouro e a Caixa Econômica Federal (gestora do FGTS), penso que mexer na poupança é um passo importante e necessário. Mas não é suficiente para resolver os problemas.”

Tony Volpon, diretor de pesquisa para América Latina da Nomura Securities, não descarta a possibilidade de a Selic cair até o patamar de 7% ao ano. Ele também argumenta que a presidente Dilma não deve querer arcar com o elevado custo político de levar a mudança da poupança à aprovação no Congresso sem juro menor no pipeline.

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